Alimentação Saudável em Portugal e a Importância da Dieta Mediterrânica: Um Desafio para Famílias e Educadores
Em Portugal, o excesso de peso e a obesidade continuam a ser questões de saúde pública alarmantes, afetando uma em cada três crianças e adolescentes. Estes números revelam a necessidade urgente de promover hábitos alimentares saudáveis entre os jovens, dado que a má alimentação está diretamente ligada a esses problemas. Dados recentes mostram que 83,6% das crianças consome snacks salgados até três vezes por semana, 72,4% consome refrigerantes açucarados com a mesma frequência, e 69,1% recorre a snacks doces. Estes padrões alimentares inadequados, repletos de sal, açúcar e gorduras saturadas, favorecem o desenvolvimento de doenças metabólicas, como a diabetes tipo 2, além de problemas cardiovasculares e obesidade.
É neste contexto que a Dieta Mediterrânica surge como uma proposta não só culturalmente relevante, mas também cientificamente validada, alinhada com as recomendações da União Europeia para uma alimentação equilibrada e sustentável.
A Dieta Mediterrânica é amplamente reconhecida como um padrão alimentar saudável, baseado em alimentos frescos e minimamente processados. Estudos científicos europeus, como os realizados no âmbito do projeto Predimed (Prevenção com Dieta Mediterrânica), demonstram os seus benefícios na prevenção de doenças crónicas. Por exemplo, foi comprovado que este regime alimentar pode reduzir em até 30% o risco de doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte em Portugal. Além disso, a dieta mediterrânica está associada a uma redução de até 50% no risco de diabetes tipo 2, uma doença cada vez mais prevalente entre os jovens devido ao consumo excessivo de açúcares e gorduras saturadas.
Este padrão alimentar caracteriza-se pelo consumo predominante de alimentos de origem vegetal, como frutas, legumes, cereais integrais e leguminosas, bem como pela utilização de azeite como principal fonte de gordura. A moderação no consumo de proteínas animais, com um maior enfoque no peixe em detrimento das carnes vermelhas, e a redução de alimentos processados são outros aspetos fundamentais. A alimentação baseada na Dieta Mediterrânica não só favorece o equilíbrio nutricional, mas também se alinha com os princípios de sustentabilidade ambiental, outro tema crescente de interesse no contexto educativo.
Estudos promovidos pela União Europeia, mostram que a adesão à Dieta Mediterrânica está associada à redução de até 25% no risco de desenvolver certos tipos de cancro, como o cancro colorretal. Estes benefícios tornam-se ainda mais relevantes quando se considera que, segundo o Instituto Nacional de Estatística, cerca de 28% da população adulta em Portugal é obesa, uma tendência que se inicia na infância e adolescência e que pode ser revertida com a introdução de padrões alimentares saudáveis nas escolas.
Além disso, a implementação de uma alimentação saudável em ambiente escolar pode ter um impacto significativo no rendimento académico dos alunos. A má nutrição está ligada à falta de concentração, cansaço e problemas de memória, o que afeta diretamente o desempenho escolar. A introdução de frutas e vegetais nas refeições escolares, bem como a promoção de lanches saudáveis, pode não só melhorar a saúde física dos alunos, mas também otimizar a sua capacidade de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo.
Adicionalmente, a sensibilização sobre a Dieta Mediterrânica pode contribuir para o desenvolvimento de competências para a vida, nomeadamente no que se refere à literacia alimentar. Várias iniciativas europeias têm mostrado que quanto maior for o nível de literacia alimentar, menores são os índices de obesidade e doenças associadas à alimentação. A criação de programas escolares que ensinem os alunos a ler rótulos, a preparar refeições equilibradas e a compreender o impacto da alimentação no ambiente pode ser uma ferramenta poderosa para a mudança dos hábitos alimentares a longo prazo. A sua inclusão no currículo escolar, através de atividades como workshops culinários, projetos de pesquisa e até visitas a mercados locais, pode fomentar nos alunos um maior conhecimento sobre a importância da escolha consciente dos alimentos.
Por fim, o papel das famílias e dos educadores é central na formação de hábitos saudáveis, mas este esforço deve ser complementado por políticas escolares e comunitárias que potenciem escolhas mais saudáveis.
Através da educação e da ação, é possível alterar a trajetória da saúde pública em Portugal e promover o bem-estar das gerações futuras.
No Dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro pelas 12h30, a DECOJovem realiza o Workshop | Brigada dos Lanches para pais e encarregados de educação de crianças do pré-escolar e 1º CEB.
Inscrições feitas através do e-mail decojovem@deco.pt.